terça-feira, 11 de agosto de 2009

O que é Pré-sal ?

O maior campo de petróleo até hoje descoberto em terra no Brasil é o campo de Carmópolis, em Sergipe. Ele foi descoberto em 1963. Recentemente, informação não-oficial dá conta de que no aprofundamento de um poço deste campo, foi detectada a 700 metros de profundidade, a presença de microbiolitos, reservatório característico do pré-sal, presente na Bacia de Santos.

O petróleo que ocorre nas bacias costeiras da Margem Leste, tanto na parte emersa como na imersa, na seção pré-sal ou na pós-sal, tem gerador do Tipo I, que são rochas depositadas em ambiente lacustrino, o que vem a indicar sua origem continental, portanto abaixo da espessa camada de sal que se formou durante a separação dos continentes africano e sul-americano. Pode-se dizer que no Brasil não temos gerador do Tipo II, de origem marinha.

Assim, pode-se deduzir facilmente o caminhar da exploração mar a dentro, na perspectiva de se encontrar campos cada vez mais promissores. Já se sabia que o gerador era bem mais profundo. A Petrobras, por intermédio do seu corpo técnico, sempre demonstrou estar alerta para isso.

Durante mais de 30 anos, desde a descoberta do Campo de Garoupa, em 1974, na Bacia de Campos, a Petrobras buscou essa província do pré-sal. Um importante fator que concorreu para a demora na descoberta do pré-sal, está condicionado às dificuldades tecnológicas advindas da perfuração tanto em lâminas d’água ultraprofundas como em função da espessa camada de sal a ser atravessada.

A descoberta do pré-sal

Na Bacia de Santos, a Petrobras requisitou oito blocos, sendo que no Bloco BS-300, para exploração direta, já havia uma perspectiva definida na sua parte sudoeste, que visava a testar uma região, com mais de 1.000 km2, interpretada como seção rifte (pré-sal). Ressalte-se que, nesta época (1997), a equipe técnica da Petrobrás já vislumbrava o alto potencial exploratório da área, inclusive a análise econômica da perspectiva indicava a possibilidade de se encontrar expressivos volumes de hidrocarbonetos (a base do petróleo).

Na chamada ‘Rodada Zero’ da ANP, consolidada em agosto de 1998, ficou definida a participação da Petrobras no novo cenário criado após a promulgação da Lei 9478/97. A partir dos relatórios de análise dos blocos feitos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), foram assinados os Contratos de Concessão entre a ANP e a Petrobras, sobre 115 blocos dos 133 originalmente requeridos. A área da Bacia de Santos, que ficou posteriormente conhecida como ‘cluster’, abrangia o Bloco BS-300 e não fora incluída na ‘Rodada Zero’ pela ANP, desconhecendo-se as razões para justificar esse procedimento. Somente na 2ª Rodada de Licitações, no ano 2000, a ANP ofereceria em leilão os blocos BM-S-7, 8, 9, 10 e 11, sendo que, com exceção do BM-S-7, os demais constituíam o antigo Bloco BS-300.

Conhecedora do potencial da área, a Petrobras, em parceria com outras empresas, arrematou todos os blocos oferecidos naquela licitação, sendo que apenas no Bloco BM-S-7 a Petrobras não era a operadora. No Bloco BM-S-10 se situava a locação que a empresa havia proposto quando requereu o antigo Bloco BS-300, em 1997. A perfuração desta locação redundou na descoberta do pré-sal, que foi denominada Paraty.

A Petrobras levou cinco anos estudando a tecnologia necessária para essa descoberta, ocorrida em 2006. A perfuração durou um ano, ao custo total de US$ 260 milhões.

O pré-sal para o povo brasileiro

Todo esse processo aqui apresentado é o bastante para que qualquer brasileiro minimamente preocupado com a situação de vida de nosso povo se indigne com a situação por que passa a Petrobrás e exija sua re-estatização, visto que 53% de suas ações já foram vendidas, vários dos poços descobertos por ela foram entregues e estão sendo explorados pelo capital estrangeiro; além disso, a maior parte de seu lucro não é revertida para garantir melhores condições de saúde, educação e moradia para os brasileiros, que a criaram e sustentaram com seus impostos e a sua luta.

Agora, não somente os técnicos da Petrobras, mas um conjunto grande de forças políticas progressistas, de esquerda, nacionalistas, socialistas e comunistas, sindicatos e organizações do movimento popular se movimenta diante da possibilidade de o Brasil passar a ser o maior produtor de petróleo do planeta, por conta das descobertas de enormes jazidas de óleo na camada do pré-sal, e essa riqueza toda parar nas mãos das grandes multinacionais do setor e nada ser revertido para a melhoria das condições de vida do nosso povo.

Por isso, a necessidade da mobilização em defesa dos interesses dos trabalhadores e da população brasileira e pela garantia de que toda essa riqueza não possa ser expatriada como foi e está sendo o nosso ouro, o manganês, o nióbio, o ferro e todos os ricos minerais existentes em nosso solo. “O pré-sal é do povo brasileiro” e a “Petrobras 100% estatal”, essas são as exigências de quem luta por um Brasil livre, independente e socialista.

Baseado no artigo de João Victor Campos, diretor da AEPET, publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 8/6/2009

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